MINISTRO DO INTERIOR, MANUEL HOMEM, GARANTE ACTUAÇÃO REPUBLICANA COM ELEVADO SENTIDO PATRIÓTICO
CASAS DE PESO INCENTIVAM VANDALIZAÇÃO DE BENS PÚBLICOS.
O crescimento das casas de pesagem de material ferroso, alumínio e cobre, foi apontado por vários cidadãos como a mola impulsionadora dos casos de vandalização de bens públicos.
Um pouco por todo o país, cresce o número de pessoas que se dedica à recolha deste material, invadindo lixeiras a céu aberto para daí reterirar alumínio, cobre e ferro.
Em Luanda, os municípios de Viana, Cazenga e as zonas do Palanca e Capolo são apontados como as zonas que lideram o mercado de pesagem, sendo as crianças e adolescentes os que mais exercem a actividade.
O gestor de uma das casas de peso que funciona no município de Viana, em Luanda, que pediu para não ser identificado, disse que os preços praticados para a compra do referido material variam. O quilo de ferro custa 30 kwanzas, o alumínio 70 e o cobre 300 kwanzas, dependendo da qualidade do material.
Segundo o gestor, entre 20 e 30 catadores de lixo aparecem no local, por dia, com quantidades de material ferroso que varia de 5 a 50 quilos. Os materiais mais procurados são os ferros de engomar, carros estragados, cabos de cobre de postos de iluminação pública, máquinas de lavar, fogões e outros equipamentos.
Todo o material arrecadado, explicou, é armazenado no local até atingir uma quantidade considerável e posteriormente transportado, em camiões, para as fábricas de grande porte, a exemplo da Fabrimetal. “Recebemos todo o tipo de material e, depois, a selecção é feita pelo dono do estabelecimento, um cidadão maliano”, disse.
Actividade cansativa
Leonel Vicente, de 15 anos, contou que começou a praticar a actividade aos 12 anos, para ajudar a mãe. A qualquer horário do dia, ele e o irmão invadem as lixeiras do Distrito Urbano do Zango, onde residem, em busca de material que lhes permita levar alguns trocados a casa.
“Juntamos uma boa quantidade e vamos pesar numa das casas de peso do Zango II”, disse, acrescentando que, apesar de ser uma actividade bastante cansativa, porque são obrigados a percorrer longas distâncias à procura do material indicado, “não me envergonho do que faço, porque consigo levar comida à mesa de forma honesta”.
Mais fiscalização
Madalena Tomás, de 35 anos, que se dedica à recolha de ferro, alumínio e cobre para sustentar os quatro filhos que cria sem o apoio do pai, apelou às autoridades a intensificarem as acções de fiscalização nas casas de peso.
“Exerço esta actividade há mais de cinco anos e nunca me deparei com a presença de efectivos da Polícia Nacional. Eu, particularmente, tenho feito a colheita do material nas lixeiras e levo tudo que consigo, mas seguramente nem todas as pessoas que se dedicam a esta prática colectam simplesmente nas lixeiras, caso contrário, não estaríamos diante deste número crescente de vandalização de bens públicos, sobretudo de tampas das sarjetas, pedonais, cabos de iluminação pública e de outros materiais”, disse.
Medidas mais duras
Cidadãos entrevistados pelo Jornal de Angola apelam ao Governo a adoptar medidas mais severas para desencorajar a vandalização de bens públicos e privados que, nos últimos tempos, ganha contornos alarmantes em todo o país, com a vandalização de cabos eléctricos, tubos de água, carris, tampas das sarjetas e outros materiais.
Dário António, morador do Distrito Urbano do Zango, diz que não existem razões que justifiquem tais actos, com prejuízos avultados para os cofres do Estado e condicionam a colocação de mais bens públicos à disposição das comunidades.
“Somos nós que apontamos o dedo aos dirigentes e apelamos para que mais serviços públicos estejam à disposição da população para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, mas também somos nós a vandalizar o que o Estado compra com muito sacrifício”, lamentou. A luta para a preservação da coisa pública, acrescentou, não é simplesmente das autoridades, mas de todos os cidadãos.
Combate ao fenómeno
O gestor financeiro e patrimonial Sérgio Amaral disse que o vandalismo de bens públicos é um fenómeno social que envolve a destruição ou danificação intencional de bens e espaços públicos.
Geralmente, esclareceu, reflecte questões mais amplas, como insatisfação, desigualdade social ou o facto de não pertencer à determinada comunidade.
Para combater o vandalismo da coisa pública, disse ser necessário reforçar as penalidades contra os infractores, garantindo que sejam dissuasivas e a aplicação consistente da lei, para criar um ambiente de responsabilidade nas comunidades. Para reverter o quadro, considerou necessária a adopção de abordagens preventivas e correctivas, como a promoção de programas educativos que destaquem a importância do património público e a sensibilização das pessoas sobre os custos sociais e económicos do vandalismo.
Sérgio Amaral sugere ainda o envolvimento das comunidades em programas destinados à preservação dos bens e espaços públicos, criar parcerias entre as autoridades locais, organizações e cidadãos locais para promover a responsabilidade compartilhada.
O entrevistado referiu que o reforço das medidas de segurança, com o aumento da presença da polícia em áreas propensas ao vandalismo e colocação de câmaras de vigilância em mais pontos do país, vai ajudar a dirimir tais práticas.
Para o gestor financeiro e patrimonial, é importante garantir que as casas de peso ou de sucata em Angola operem de forma legal, ética e ambientalmente responsáveis. “Deve existir o controlo regular e permanente destes recintos para evitar práticas prejudiciais, com realce para a recepção de bens de origem criminosa.
Além disso, acrescentou, deve-se promover a consciencialização das pessoas sobre a importância da reciclagem e implementar práticas sustentáveis que possam contribuir para o desenvolvimento positivo desse sector, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a economia local.