Friday Novembro 29, 2024
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FAMÍLIAS DO PANGUILA REALOJADAS NA CENTRALIDADE DO CAPARI

José Bule|Bengo

Jornalista

De tanta emoção, um dos filhos teve que segurá-la pelos braços, para não cair. Maria Rosa dançava e saltava de alegria. A mulher, que apresenta fraca mobilidade na perna e braço direito, como consequência do derrame cerebral que sofreu, recentemente, foi realojada, terça-feira, na Centralidade do Capari, no Bengo.

Administração Municipal do Dande © Fotografia por: Edmundo Eucílio |Edições Novembro

Maria Rosa, depois de receber do Fundo de Fomento Habitacional a pasta do contrato e as chaves da nova residência, cantava em voz alta: “já não vou precisar de ajuda de ninguém, para atravessar os charcos lamacentos. Aqui no Capari não tem lama. Posso andar à vontade, sozinha”.

A beneficiária, de 45 anos, viveu uma década no Panguila, com os filhos e mais duas famílias, na mesma casa, depois de terem sido desalojados da zona da Favela, na Praia do Bispo. 

“No Panguila, apesar de viver com outras duas famílias na mesma casa, não tivemos grandes problemas. Nos entendemos muito bem. Houve alguns conflitos, mas, por sermos amigas, fazíamos tudo para ultrapassá-los”, contou “Rosita”, quando caminhava ansiosa para o edifício onde está localizado o seu apartamento. Abriu a porta e observou o interior. “Sei que vou pagar renda resolúvel. O meu pai deixou, para mim e os meus irmãos, uma casa de herança. Nós dividimos o dinheiro das rendas e, a partir de agora, a minha parte vai servir para pagar esta casa ao Estado”, explicou.   

Logo a seguir à porta da nova residência de Maria Rosa, outro beneficiário não parava de sorrir. Depois de passar por situações menos agradáveis, desde 2003, na partilha de uma casa do tipo T3, no Panguila, João Gouveia era um homem “super feliz”.

“Estou há 15 anos nesta luta da casa própria e, só acreditei, depois de assinar o contrato, receber as chaves, abrir as portas e visitar cada compartimento. Neste momento não consigo descrever a dimensão da felicidade que sinto”, salientou o antigo morador da Favela. 

Com 47 anos, mulher e sete filhos, João Gouveia agradece a Deus e ao Governo angolano. “Estou muito feliz, porque agora vou poder oferecer melhores condições de vida à minha família. Estava cansado de viver naquelas condições”, disse.   

Depois de 12 anos de disputa por uma residência, no sector 10 do Panguila, Domingos Adriano agradece ao Governo pela oportunidade que teve. Assegurou que está em condições de pagar, mensalmente, uma residência, por renda resolúvel, no valor de 20.899,31 (vinte mil oitocentos e noventa e nove kwanzas e trinta e um cêntimos), na Centralidade do Capari.

“Não foi fácil partilhar a casa com outra família, com hábitos e costumes muito diferentes dos meus. Tivemos momentos difíceis. Essa oportunidade chegou na altura certa. Trabalho como motorista e, portanto, estou em condições de pagar o apartamento, através do sistema de renda resolúvel”, declarou Domingos, que promete dar uma grande festa, com amigos e familiares, para “molhar” a casa.

E quem permanece no Panguila, no âmbito do processo de cadastramento das famílias que compartilhavam residências, há mais de dez anos, também esfrega as mãos de contente, como é o caso de Orlando Calanga, de 26 anos, que se tornou proprietário da casa, onde mora há 11 anos, depois de ver partir, para a Centralidade do Capari, a outra família, com quem dividia o imóvel.

Ao Jornal de Angola, o jovem contou que não foi fácil viver naquelas condições, que obrigaram as duas famílias a dividir a casa, para que pudessem ter alguma privacidade. Calanga ficou com a parte da cozinha e um dos quartos, enquanto o vizinho ocupava dois quartos e a casa de banho. 

“Quando entrei nesta casa, ainda não tinha mulher, nem filhos. Sentia-me à vontade. Mas depois de constituir família, a situação começou a ficar insuportável. Agora já tenho três filhos”, referiu, para de seguida enaltecer a decisão do Governo, que na sua opinião, “encontrou a melhor solução para o problema”.

“Vou ficar com esta casa. Sinto-me feliz, porque agora vou poder acomodar melhor a minha família. Além de procurar reabilitá-la, pretendo construir, também, um muro de vedação e uma cantina. Quero desenvolver aqui um negócio”, concluiu Calanga, que exerce a actividade de mototáxi e colabora como fiscal da Associação dos Motoqueiros e Transportadoras de Angola (AMOTRANG). 

 Acção Social considera balanço positivo

O processo  de realojamento de 123 famílias, que compartilhavam residências, há mais de dez anos, em vários sectores do Panguila, no Bengo, começou em 2021, depois do cadastramento feito pela Administração Municipal do Dande.

Segundo o administrador Afonso Canga, as famílias que aceitaram transferir-se do Panguila para a Centralidade do Capari declararam possuir condições para pagar rendas resolúveis.  

Para a directora nacional para as Políticas Familiares, Igualdade e Equidade do Género do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, que acompanha o processo desde o início, o balanço é positivo, tendo em conta que as famílias transferidas para o Capari viviam em condições impróprias. 

Santa Ernesto avançou que, no seio destas famílias aconteciam várias situações de promiscuidade, tendo sublinhado que o processo demonstra a preocupação do Governo em tornar as famílias resilientes, para que possam viver em condições condignas.

Fonte: jornaldeangola.ao

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