AFASTAR AS IDEIAS FIXAS: UM DESAFIO PARA A EQUIPA ECONÔMICA.
A equipa econômica do país, coordenada pelo Ministro de Estado da Coordenação Econômica, José de Lima Massano, anunciou em conferência de imprensa, na sexta-feira passada, dia 14, várias medidas para mitigar à crise financeira actual. Entre as medidas proclamadas, consta o corte de algumas despesas financeiras alocadas em alguns projetos do Estado cuja execução orçamental está abaixo de 50%. Foi também avançado que 50% do valor da tributação das importações será destinado à produção nacional – de modo a acelerar o processo de diversificação econômica.
O que a mim e, seguramente, a muitos outros angolanos faz espécie é o facto do tema diversificação da economia não ser novo. Na década de 80, ainda no quadro da economia centralizada, já se falava do binômio redução das importações e maximização das exportações, sendo por isso necessário apostar na diversificação da economia. Na época, alguns programas como “Plano Global de Emergência, em 1983, e, mais tarde, o Programa de Saneamento Econômico e Financeiro (SEF), em 1987, com o objetivo de mitigar os choques do preço do barril de petróleo, já tinham este fim. Volvidos mais de 15 anos após o conflito armado, a diversificação continua a ser o grande desafio da economia angolana.
Invariavelmente, todos ministros do sector econômico guindam a bandeira da diversificação econômica no mastro dos seus departamentos. Porquanto, hoje, o importante já não é o bom “latim” (diga-se o discurso) muito menos as medidas de austeridade. O que fará de Massano o “Messi” da economia angolana são os resultados. O que vai nos provar que o Chefe da equipa econômica respira e areja outras teorias econômicas é vermos às famílias angolanas com mais poder de compra, vermos à classe média do país a emergir dos escombros do declínio econômico. Para tal, é preciso afastar as ideias fixas. Nós não vamos ter produção nacional em grande escala no curto prazo com a realidade de infraestruturas que temos. O conveniente seria potencializar as comunidades camponesas a devolver não só agricultura de subsistência, mas, também, olharem para actividade agrícola como uma oportunidade para ascensão financeira.
Num dos meus artigos publicado pelo jornal “O País”, no início do ano passado, com título “O Estado providência nas reformas do Presidente João Lourenço”, já deixei sublinhado a importância que as famílias camponesas podem ter na cadeia de produção nacional.
No consulado do ex Ministro da Coordenação Econômica, Manuel Nunes Júnior, algumas medidas de austeridade já haviam sido adotadas com a mesma finalidade – melhoria da vida do cidadão. Mas, no essencial, as medidas descarrilharam num fracasso com o peso do tempo. O que também se espera com esse pacote de medidas face à redução dos recursos financeiros é que o mesmo não venha criar mais desemprego, mais desigualdades e mais pobreza aos angolanos. Se os cortes financeiros que se impõem visam retirar o pão à mesa de alguns chefes de família, então, de nada valerá as medidas anunciadas. Por: Benjamim Dunda
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