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INTERVENÇÃO DA SUA EXCELÊNCIA MINISTRO DE ESTADO E CHEFE DA CASA CIVIL DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ADÃO FRANCISCO CORREIA DE ALMEIDA, POR OCASIÃO DA INSTALAÇÃO DO BUSTO DO DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO NO FREEDOM PARK DE PRETÓRIA

•             Excelência Nkosinathi Emanuel Mthethwa, Ministro dos Desportos, Arte e Cultura da África do Sul;

•      Excelência Filomena Delgado, Embaixadora da República de Angola na África do Sul;

•      Excelência Florbela Araújo, Provedora da Justiça de Angola;

•      Excelentíssimos representantes do Congresso Nacional Africano;

•      Excelentíssimos representantes do Partido Socialista da África do Sul;

•      Dignos Representantes da Fundação Dr. António Agostinho Neto.

Ilustres convidados;

Minhas senhoras e meus senhores.

Queiram aceitar, em nome do Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço – a quem tenho a honra de representar – as mais calorosas e cordiais saudações.

A República de Angola viu nascer a 17 de Setembro de 1922, na recôndita aldeia de Kaxicane, um dos seus mais ilustres filhos. O Dr. António Agostinho Neto viria, anos depois, a proclamar a Independência, tornando-se o primeiro Presidente de Angola.

É consabido que a grandeza do Dr. António Agostinho Neto não se limita ao território angolano. A sua dimensão transcende fronteiras, povos e culturas  e se estabelece pelo mundo, ali onde, na sua contemporaneidade, existiram povos oprimidos.

A essência internacional da luta do Dr. António Agostinho Neto pode, sem qualquer risco de sermos redutores, restringir-se numa única palavra: liberdade.

Com toda a carga polissémica, a liberdade – por ironia do destino a designação do Parque que nos acolhe hoje –  era uma constante nas intervenções públicas e nos escritos literários do fundador da Nação Angolana. 

Essa palavra – liberdade –  funcionou como bússola para orientar o sentido de uma luta que todo um continente tinha de empreender contra a dominação colonial, contra o imperialismo, contra a segregação racial.

António Agostinho Neto não era apenas um cidadão de Angola – Não era apenas um cidadão de África. Era muito mais. Era um lutador incansável pela causa dos povos oprimidos, um pai de família, um homem disposto a sacrificar-se pela liberdade de todo o seu povo.

Nunca desistiu da luta, mesmo nos momentos em que a brutalidade da opressão colonial forçaram-no a um tenebroso cárcere, isolado de tudo o que mais amava – isolado, digamos, do Mundo.

A história de António Agostinho Neto segue o mesmo rumo dos heróis que idealizaram e mudaram o rumo do continente – homens e mulheres que inspiraram os seus concidadãos a sacrificar-se pela autodeterminação.

Um pouco por todo o continente, não faltam os exemplos de bravura e de tenacidade em prol do interesse africano.

Honramos a figura de António Agostinho Neto como nos curvamos perante todos os ilustres de filhos de África a quem muito devemos pela liberdade que por muito tempo lhes foi negada – mas que hoje usufruímos na sua quase plenitude.

Para todos estes gigantes africanos, fica a nossa mais profunda gratidão.

Minhas senhoras e meus senhores.

António Agostinho Neto sempre demonstrou um carinho especial pelo povo da África do Sul. Referências à sua luta – à necessidade de se colocar um fim à opressão colonial e à brutalidade da segregação racial – estão presentes nos seus poemas e nos seus discursos políticos.

São célebres as palavras de ordem indicativas de que a luta de Angola não se esgotava com o alcance da independência do País.

Foi deveras elucidativo quando disse – e cito – “Na Namíbia, no Zimbábwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta” – fim de citação.

Ilustres convidados.

Minhas senhoras e meus senhores.

Desde os tempos mais remotos, o continente africano foi palco de batalhas intensas e quase intermináveis.

Por outro lado, tem logrado vitórias incomensuráveis. Décadas após décadas, são gigantescos os desafios que o nosso continente tem de ultrapassar na busca incessante pelo bem-estar das suas populações.

O denominador comum, entre os discursos de Agostino Neto  e a literatura que produziu,  está justamente na sua principal característica – nos traços de um lutador incansável pelos mais altos anseios do seu povo, sejam relacionados com o alcance da independência, sejam relacionados com o inalienável desejo de progresso.

Permitam-me, por isso, que busque inspiração nos ideais de Agostinho António Agostinho Neto para reforçar a continuidade da nossa luta enquanto africanos.

Se grosso modo a soberania foi alcançada, falta-nos, porém, uma componente essencial das batalhas iniciadas há vários séculos: a liberdade económica e, com ela, o desenvolvimento das nossas nações.

Num mundo economicamente competitivo, a cooperação bilateral entre os países do sul é assumidamente uma ferramenta determinante para que evoluamos de fornecedores de matérias primas para produtores em efectividade e em condições de competir de igual para igual no concerto das nações.

Esta ideia de luta pelo desenvolvimento é também ela  uma componente significativa do legado de António Agostinho Neto.  Não lhe é exclusiva. Outras figuras africanas bateram-se no mesmo sentido e indicaram-nos, enquanto filhos de África, os nossos valores, a nossa missão.

Entre tantos nomes, não podemos deixar de nos referir ao exemplo, ao legado de Nelson Rolihlahla Mandela.

É quase uma obrigatoriedade lembrar deste natural da África do Sul que, tal como Agostinho Neto, é por mérito um cidadão do Mundo, cuja história conduz-nos necessariamente ao êxtase do orgulho telúrico.

Ilustre convidados,

Minhas senhoras e meus senhores

Celebramos com elevada justeza o Centenário do Dr. António Agostinho Neto sob o signo da união de esforços entre os povos.

Celebramos, por isso, a consolidação da cooperação entre os nossos dois países, apoiando-nos mutuamente nas lutas do presente e do futuro, tal como juntos vencemos as batalhas do passado.

Que seja eterna a memória dos heróis de África.

Obrigado.

 Pretória, 13 de Novembro de 2022.

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