REALÇADO CONTRIBUTO DE AGOSTINHO NETO ÀS CAUSAS SOCIAIS
A abordagem aos feitos de Neto foi promovida pelo governo da província, no quadro da figura de Herói Nacional, título que Agostinho Neto conquistou graças à entrega à causa nacional e do continente africano. Nesta perspectiva, o professor universitário, Francisco Mendes Lopes, sublinhou alguns dos aspectos marcantes no campo político e cultural.
Francisco Mendes Lopes, especialista em História, recolheu detalhes interessantes de Agostinho Neto enquanto jovem, que, segundo o orador, servem de testemunho de que sempre esteve ligado a causas como justiça política e social, mas também ao desenvolvimento das famílias e das sociedades.
Realçou, nesse sentido, a atitude protagonizada por Neto junto das autoridades coloniais e a nível da comunidade internacional, as quais, manifestavam, desde já, a necessidade do fim da exploração colonial sobre os povos oprimidos de Angola e dos demais países africanos. A Região Austral, por razões de proximidade, ganham maior espaço nessa intervenção, disse o orador.
O professor Francisco Mendes Lopes referiu que Agostinho Neto como estadista foi precursor dos ideais de liberdade, mas, também, desempenhou um papel na elevação literatura e da cultura em Angola. Aliás, avançou o historiador, tendo em conta a dimensão literária, é fundamental tratar da inserção da vida e obra de Agostinho Neto no sistema de ensino e aprendizagem, por forma a que o legado possa ser transmitido de geração em nova geração.
Assim, realçou, o desempenho na libertação do país e da Região Austral, a solidariedade para com os povos oprimidos do mundo ficam presentes no pensamento colectivo nacional. “A sua dedicação à causa da libertação dos povos africanos, decorrentes da luta contra a supremacia colonialista, o empenho que o conduziu aos mais diversos palcos políticos internacionais, onde elevou a voz dos povos oprimidos, ficam mais valorizados”, disse o historiador.
Francisco Mendes Lopes referiu, por outro lado, que, além de concluir o curso do liceu com elevada classificação, Agostinho Neto foi estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde conheceu Lúcio Lara, um dos companheiros de longa trajectória, tendo sido membro fundador do Centro de Estudos Africanos, em conjunto com Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro.
“Devido à tenacidade e participação activa nos movimentos juvenis, Neto foi preso pela PIDE, dando origem a campanhas internacionais de solidariedade para a sua libertação”, disse. O orador destacou, ainda, a influência de Neto a nível internacional, que cresceu na década de 60, tendo oportunidade de participar em conferências como em Tunes, Léopoldville, Adis Abeba.
Agostinho Neto participou, igualmente, da Conferência constitutiva da então Organização de Unidade Africana (OUA), actualmente, União Africana (UA), realizada em Brazzavile, e, depois, noutros eventos como os de Paris, Genebra, o Congresso Mundial da Paz e OIT, entre outros.
O prelector sublinhou o papel desencadeado por Neto na década de 70, em que liderou as actividades políticas e de guerrilha do MPLA, até ao reconhecimento dos três movimentos de libertação nacional, que culminou com a assinatura dos Acordos de Alvor, Portugal. Nessa linha, o Fundador da Nação continuou empenhado em consolidar a luta, caminho que deu lugar à proclamação da Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975.
O professor Francisco Mendes Lopes fez saber que a vida e obra de Agostinho Neto se intensificou, acabando por dividir o seu tempo entre a família e a política, condição que não mais se alterou até ao dia da sua morte, a 10 de Setembro de 1979, vítima de doença, em Moscovo.
O governo provincial do Cuanza-Sul anunciou que constam das actividades da celebração do centenário, além de momentos de reflexão sobre a sua vida e obra, uma inauguração de exposição de fotografias, artes plásticas e literárias, palestras, entre outras.
No acto de abertura da jornada do centenário, o governador do Cuanza-Sul, Job Capapinha, disse que a promoção de actividades do género visam elevar a educação patriótica dos cidadãos, com vista ao consolidar o seu crescimento, dentro de um quadro que sublinhe o sacrifício consentido para o alcance da Independente Nacional.
Job Capapinha sublinhou que a vida e obra do Fundador da Nação deve continuar a ser motivo de estudo, como forma de beneficiar as gerações vindouras, elevando o conhecimento no seio da juventude. “Vamos assinalar o início de uma jornada cultural, que nos vai levar até ao dia 17 do deste mês, na senda do slogan “O mais importante é resolver os problemas do povo”, concluiu o governador. Fonte: Angop