LADO CERTO E “LADO ERRADO DA HISTÓRIA” – MARCOLINO MOCO
Completamente à despropósito, numa dissertação de fino recorte literário como é seu apanágio, ao ler o Elogio Fúnebre ao Presidente José Eduardo dos Santos, o político e intelectual Roberto de Almeida deu uma alfinetada no melhor da obra que se atribui ao finado “Arquiteto da Paz”.
Pensando bem, as guerras surgem, justamente, porque do lado de cada protagonista se pensa que se está do “lado certo da História”.
Quando não se passa, afinal, da tentativa exacerbada de imposição dos egos de cada uma das partes da contenda. Ora, quando se alcança a Paz, não fica nada bem pensar-se que, como supostos vencedores, sempre estivemos e continuaremos a estar de suposto “lado certo da História”.
Aludindo a palavras do Bispo Emérito Emílio de Carvalho, recentemente proferidas numa entrevista à TPA1, isso seria admitir que haveria humanos permanentemente “isentos do pecado” e outros fadados eternamente para o lado do mal.
O que o prelado rejeita. Aliás, ele o diz à propósito daqueles que dizem combater, sem tréguas a corrupção dos “outros”, enquanto tão corruptíveis que também são, como homens iguais, escondem em baús transparente os produtos da sua própria corrupção. Instaurada a paz, a História deve recomeçar, sob os auspícios da balança da Justiça. Assim penso eu.