Friday Abril 26, 2024
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DIREITO DE ANTENA

A convocação das eleições de Agosto aproxima-se. O Conselho da República, que se reúne amanhã a pedido do chefe do Estado, ajudará a especificar a data. Acto contínuo, chega, de jure, a campanha eleitoral, com o direito de antena, um dos seus mais gozosos momentos.

Tempo benfazejo, pela igualdade de duração que o referido direito instaura a favor dos concorrentes em aceder à TPA, com a produção da sua própria lavra! A faculdade permite minimizar a injustiça inerente ao período normal, que privilegia sobremaneira a maioria cessante. Um privilégio que, via de regra, o poder abusa à exaustão pelo mundo fora. E por cá, o vício foi patente na actualidade dos seguintes factos, ao acaso retrospectivo:

 – A censura do Congresso da Nação, uma iniciativa concorrida da Sociedade Civil, realizada em Luanda de 27-30 de Maio deste ano. Debateu o tema “UNIDOS NA DIVERSIDADE. Por um Projecto Angolano de Consenso”. Contou com a participação da Igreja Católica e celebridades da intelectualidade bem como de vários estratos sociais, inclusive tradicionais. A Oposição abraçou-a; o partido governante, não, excepto algumas figuras do mesmo, a título individual. Sobram, ainda, a distribuição dos resultados sistematizados, para a séria apreciação do seu grau de mais-valia.

 – O decreto de proibição das línguas nacionais na Clínica Sagrada Esperança do Soyo, publicada no local. A direcção daquele hospital (público, por cima) anulou o repelente despacho, omitindo, no entanto, a responsabilização.

 – A ênfase da exclusiva versão policial sobre a repressão trágica dos trabalhadores em greve da barragem de Kaculo Kabaça, província de Malanje. Outra vez, as redes sociais preencheram a lacuna, dando voz às fontes sindicais e familiares, que têm completado a narração da abominável acção.

Saberão espelhar, as forças da alternância, o emprego melhor do seu tempo de antena, contextualizando o campo de batalha? Isto é, marcar a diferença em qualidade deste quilate: o esforço de objectividade; o comedimento da crítica; o realce sereno das suas soluções; etc? Nada melhor do que a prática, para vermos como cada competidor se terá habilitado à gestão deste exercício precioso do jogo democrático. Lições das vezes anteriores (desde a estreia no ano ’92) e a academia de comunicações sociais disponibilizam receitas, úteis ao desafio.

Em espiritualidade, caiu bem, no recente domingo de Ascensão, uma mensagem do Papa Francisco na matéria. Tratou-se da sua pastoral alusiva ao 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Teve por lema “Escutar com o ouvido do coração”. E o texto conteve, entre outros, um explícito alvitre adicional aos jornalistas, de enfoque oportuno, no presente, em Angola. Citamos: “Ouvir várias fontes, «não parar na primeira locanda» – como ensinam os especialistas do ofício – garante credibilidade e seriedade à informação que transmitimos”.

VISÃO JORNALÍSTICA

(Uma co-produção de Siona Casimiro e Padre Augusto Epalanga. Apresentação de Wilson Capemba). Luanda, 02 de Junho de 2022.

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