AJUNTAMENTOS, INTOLERÂNCIA E POTENCIAL DE CONFRONTOS
Ouvi com atenção o longo ‘Comunicado Público” da Ajpd Angola na voz de Serra Bango, o seu presidente. Ocorre-me o seguinte:
- A abordagem é exclusivamente legalista. Enuncia as leis e interpretadas e não inclui elementos de outras disciplinas também importantíssimas. Destas cito só três: a Ciência Política, a Sociologia e a Psicologia (das multidões). É o lamentável “exclusivismo arrogante” de alguns juristas.
- De facto, a Ciência Política ensina que em ambientes de grande tensão social como vemos nestas eleições não é aconselhável promover ajuntamentos populares. Na Psicologia aprendemos que as multidões são facilmente manipuláveis. E a Sociologia diz que jamais “as massas” dirimiram conflitos. Antes pelo contrário.
- Posto isso, não é preciso “salto de gazela” de entendimento para prever um grande potencial de confronto entre “as multidões da FPUNITA” e “as do MPLA. Só um ingénuo acredita que os militantes afectos ao partido no poder vão se deixar ficar em casa enquanto os outros pressionam com o seu ajuntamento as pessoas que vão votar. E só uma liderança anti-patriótica e “descompromissada” com a paz e estabilidade do país quer fazer crer que isso não resultará em confrontos.
- Naturalmente a Polícia intervirá para repôr a ordem e tranquilidade públicas. Será que os instigadores querem que tudo redunde num banho de sangue? Para criarem factos para impugnar as eleições e perseguirem o velho sonho de um (novo) GURN?
Ao ouvir o áudio, veio-me à mente uma “reclamação” que sempre fazia aos colegas da AJPD desde a sua fundação: procurem conhecer o país; a Angola Profunda que vai além de Luanda e dos manuais do Direito. Uma Angola excluída pelos ditos defensores dos Direitos Humanos, porque para esses activistas, ela só existe como… paisagem.
Opinião de Celso Malavoloneke
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