Friday Setembro 20, 2024
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A DECADÊNCIA DO PODER – NA VISÃO DE UM JORNALISTA.

A ida do Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, a Barcelona para se juntar às rondas de negociações com os familiares do ex-Presidente, sobretudo com as filhas, que enfrentam processos judicias (incluindo o filho varão José Filomeno dos Santos, retido no País por questões políticas, já que o tribunal lhe retirou as medidas de coação), é o exemplo acabado da descrença no sistema de justiça em Angola. O Presidente da República expôs em demasia o que para muitos não era novidade: a lei, em Angola, é a palavra do Presidente.

Já imagino como as representações diplomáticas acreditadas no nosso País e os investidores estrangeiros acompanham este caso. Há cerca de 3 meses, quando estive em conversa com um embaixador de um dos países nórdicos da Europa ocidental, este foi categórico em dizer que Angola não era um país para confiar, pelo menos do ponto de vista da segurança jurídica. Os investidores ainda têm medo de investir. Daí que muitos dos investimentos privados sejam feitos mediante acordos entre estados.

Este é o momento do Conselho de Honra do MPLA, que reúne os mais velhos da luta de libertação, se reunir com o líder do partido. Da mesma forma que os dezoitos (18) mais velhos fizeram com José Eduardo dos Santos, quando este pretendeu permanecer por mais tempo no cargo.
Há uma frase do filósofo inglês Thomas Hobbes, recordada por Moisés Naím, antigo ministro venezuelano, na sua obra intitulada O Fim do Poder. A frase diz o seguinte:

«Durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum para os manter em respeito, estão na condição a que se chama guerra (sic)». Ou, dito de outra maneira, quando um líder perde o respeito do povo, mais ainda quando não confia em nenhum dos seus colabores, este não terá outra saída senão lutar pela sobrevivência. E, quando isto acontece, a capacidade de resposta tem sido repressiva.
O dossier à volta da figura e da morte do ex-Presidente, José Eduardo dos Santos, trouxe uma coisa à superfície: a incapacidade de João Lourenço continuar no cargo. Demonstrou não ter tato de um chefe de Estado. Devia renunciar a sua recandidatura à presidência da República. Colocou em causa a transição democrática e a estabilidade do País. Esticou a corda por demais. Já não vai a tempo de reabilitar a sua imagem política. Caiu no descrédito total.
Não tenhamos ilusões: mais cinco anos de presidência de Lourenço serão um colapso total.

Nelson Francisco Sul – Jornalista

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