JOÃO LOURENÇO ASSEGUROU, QUE O MPLA VAI CONTINUAR A EXERCER E A APROFUNDAR A DEMOCRACIA INTERNA.
Ao mesmo tempo que continuará a respeitar o papel e as competências dos órgãos de direcção eleitos aos mais diferentes escalões da hierarquia do partido, nos marcos definidos pelos estatutos, em defesa dos superiores interesses, também, da Nação.
“O nosso foco continuará virado para ajudar e orientar o Executivo a implementar os diferentes programas para a satisfação das necessidades do cidadão, em consonância com o que Agostinho Neto disse e que continua actual, o mais importante é resolver os problemas do povo”, referiu.
Soberania nacional
O líder do MPLA recorreu, ainda, aos grandes feitos do partido, para dizer que com o trabalho dos “camaradas” o país soube manter a soberania nacional frente às investidas dos invasores externos, que acabariam por ser definitivamente derrotados na histórica Batalha do Cuito Cuanavale, aos 23 de Março de 1988, abrindo caminho para a proclamação da Independência da Namíbia, a queda do regime do apartheid e a consequente implantação de um regime de democracia multipartidária na África do Sul.
“Foi sob a direcção do MPLA que se operaram importantes reformas políticas, como o fim do sistema de partido único, a abertura à democracia multipartidária e à economia de mercado”, reforçou João Lourenço, enfatizando o facto de ter sido com o partido e sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos que se pôs fim à guerra, se alcançou a paz definitiva e se deu início ao processo de reconciliação nacional, “que deve ser contínuo”.
Com o MPLA à frente dos destinos da Nação, congratulou-se o Presidente do partido dos camaradas, o país conhece um grande programa de reconstrução nacional e construção de novas infra-estruturas, como portos, aeroportos, estradas, barragens hidroeléctricas, parques fotovoltaicos de energia solar, linhas de transmissão, estações de captação e adução de água, estabelecimentos escolares e hospitalares em todo o país e de todos os níveis.
“Com o MPLA, o calvário das populações da Huíla, do Cunene e do Namibe, devido aos efeitos da seca severa e cíclica que vem há anos assolando aquela região, está em vias de terminar, com a construção das barragens e canais de água, no quadro do amplo Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola (PCESSA)”, ressaltou.
A grande pressão demográfica a que se assiste, disse o líder dos “camaradas”, exige que se garanta, nos próximos anos, maior oferta de energia e água potável para os cidadãos e as indústrias, mais habitação construída por todos os agentes, designadamente o Estado, o sector privado, as cooperativas e os próprios cidadãos, através da autoconstrução dirigida.
“Precisamos de construir mais escolas do ensino de base, para reduzir consideravelmente o número de crianças fora do sistema de ensino, investir mais nas infra-estruturas do Sistema Nacional de Saúde, sobretudo na rede primária, assim como formar, cada vez mais, profissionais de saúde e da educação”, sublinhou.
O esforço para a construção de estradas, destacou João Lourenço, deve ser contínuo, realçando a atenção particular que deve ser prestada à agricultura, às pescas, à indústria e ao turismo, para assegurar uma maior oferta de bens e serviços, mas também de postos de trabalho.
Para garantir o desenvolvimento sustentável do país nas próximas décadas, reforçou o Presidente do MPLA, deve-se fazer um esforço maior com a educação e a formação de quadros nos diferentes domínios do saber, da ciência e da tecnologia.
“Estes são alguns dos problemas da vida real e quotidiana que devem preocupar e ocupar a atenção do Partido, por impactarem vida quotidiana do cidadão angolano, a quem juramos servir”, enfatizou.
Alterações climáticas
João Lourenço referiu que Angola continua atenta aos problemas que afectam toda a humanidade, nomeadamente os que se prendem com as alterações climáticas e as consequências globais sobre a vida dos povos e das economias dos países.
Em face disso, o líder do MPLA revelou que cada país deve fazer a sua parte, como contribuição ao esforço global, “que todos estamos obrigados a fazer”.
João Lourenço disse, ainda, a respeito, que o MPLA está a mudar a matriz energética do país, fazendo a transição que se impõe, com a redução do consumo de combustíveis fósseis na produção de energia, privilegiando a energia de fontes limpas, como a hidroeléctrica, a solar e a de biomassa, esta última ainda em carteira.
“A energia dessas fontes amigas do ambiente já representa, hoje, 65 por cento da energia produzida em Angola, com tendência a aumentar logo que tivermos a energia da rede nacional a interligar o Gove à Matala, Belém do Huambo ao Lubango, Ondjiva e Moçâmedes, assim como Malanje a Xá-Muteba, Saurimo, Dala, Luena e Dundo”, esclareceu.
O grande projecto de parques solares “off-grid” para a electrificação de inúmeras localidades, nas províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango, acrescentou o líder dos “camaradas”, será também um grande contributo na luta contra as alterações climáticas e pelo desenvolvimento das comunidades.
Bureau Político dos “camaradas” vai ser mais rejuvenescido
O MPLA reúne, hoje, o seu Comité Central, depois do Congresso, para ajustar o partido aos grandes desafios a enfrentar, rejuvenescendo o Bureau Político e o seu Secretariado, anunciou, ontem, o Presidente da formação política que sustenta o Governo.
João Lourenço sublinhou o facto de o Congresso Extraordinário debater e aprovar a tese “MPLA-Da Independência aos Nossos Dias – Os Desafios do Futuro”, ressaltando que esta é a sexta vez que o partido vai fazer os ajustamentos aos estatutos num Congresso Extraordinário.
“Demonstra a capacidade que o MPLA tem em acompanhar e permanentemente adaptar-se à dinâmica da própria vida interna do partido, da sociedade e da conjuntura internacional”, sustentou, para em seguida acrescentar que o partido “tem um grande percurso de lutas e de vitórias, que remontam à luta clandestina nas cidades e vilas, mobilizando os angolanos para a luta contra o regime colonial português”.
A intransigência do ocupante em não aceitar conceder, pacificamente, a autodeterminação dos povos, então oprimidos, prosseguiu o líder dos “camaradas”, levou o MPLA a organizar e dirigir a luta de guerrilha nas diferentes regiões, que, conjugada com a luta dos povos irmãos da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e das forças antifascistas portuguesas, culminou com a queda do regime colonial fascista aos 25 de Abril de 1974, em Portugal.
“Tendo sido o MPLA quem tinha um programa de luta unificador e com abrangência verdadeiramente nacional, aquele que teve a capacidade de mobilizar compatriotas de todas as origens, de Cabinda ao Cunene, do Litoral ao Leste, camponeses, operários e intelectuais à volta de uma mesma causa, a da libertação nacional, coube-lhe a responsabilidade de proclamar a Independência Nacional, na voz do Presidente António Agostinho Neto, aos 11 de Novembro de 1975”, destacou.
Paz e segurança mundiais
João Lourenço fez menção à problemática da paz e segurança mundiais, observando estarem cada vez mais ameaçadas com as guerras, terrorismo e mudanças inconstitucionais que proliferam em África, na Europa e no Médio Oriente, tendo defendido, por isso, a necessidade de se pôr fim à guerra contra a Ucrânia e a ocupação e anexação dos seus territórios.
“Esforços devem ser feitos para se alcançar a paz pela via negociada, como terminam todas as guerras no mundo”, defendeu o estadista angolano, apelando, mais uma vez, à necessidade da libertação dos reféns israelitas e ao fim do genocídio contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza e dos colonatos na Cisjordânia.
O Presidente do MPLA afirmou, também, que quando assumir a Presidência rotativa da União Africana (UA), em 2025, a situação no Sudão estará no topo das prioridades da sua agenda, reiterando, ainda, trabalhar “arduamente” pelo fim do conflito nos Grandes Lagos, que opõe a RDC ao Rwanda.
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