Tuesday Dezembro 3, 2024
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“A COMERCIALIZAÇÃO DA FÉ EM ANGOLA ACABA POR SER UM PROBLEMA DE SEGURANÇA NACIONAL”

A comercialização da fé cristã, praticada por seitas religiosas e algumas igrejas, acaba por ser um problema de segurança nacional, já que o desrespeito às leis traz para as famílias mais confusão do que aquilo que é a essência da palavra de Deus. Assim se manifestou, em entrevista ao Jornal de Angola, o secretário-geral da Aliança Evangélica de Angola, Reverendo Alexandre Saul, que considera fundamental a revisão da Lei sobre a Liberdade Religiosa em Angola. A Aliança Evangélica de Angola (AEA) é uma plataforma cristã fundada a 29 de Dezembro de 1974, em Benguela, e integra, actualmente, 15 denominações religiosas que representam, no total, mais de seis milhões de fiéis. Alexandre Saul pretende ver implementado no país o Parlamento Cristão, que segundo ele é uma realidade existente em mais de 50 países. A ideia já foi avançada à Assembleia Nacional, mais concretamente na sua 7ª Comissão, que trata de Assuntos Religiosos, Cultura e Comunicação Social. Uma proposta de Lei sobre Capelanias, visando uma maior moralização da sociedade, está também na forja da AEA, que este ano assinala os seus 50 anos de existência, sob o lema “AEA 50 anos a brilhar como ouro na igreja e na sociedade com os seus membros”

Senhor Reverendo, a Aliança Evangélica de Angola lançou, recentemente, um livro onde narra a história dos 50 anos da sua existência. Pode falar sobre o percurso da AEA?

A Aliança Evangélica de Angola foi fundada no dia 29 de Dezembro de 1974, em Benguela, por seis denominações religiosas, membros fundadores, nomeadamente, a Assembleia de Deus Pentecostal, a Igreja Evangélica dos Irmãos em Angola, a União de Igrejas Evangélicas de Angola, a Igreja Sinodal de Angola, a Igreja Cristã Evangélica de Angola e a Convenção Baptista de Angola. Ao longo desse tempo, a Aliança Evangélica de Angola recebeu mais nove membros, passando para 15 igrejas afiliadas, com mais de seis milhões de fiéis.

Que razões objectivas estiveram na origem dessa junção de igrejas antes da Independência?

A AEA não é uma igreja, mas sim uma associação de igrejas evangélicas que se juntaram olhando para os ventos que iriam trazer a Independência do país e à necessidade de preservarmos a fé cristã, da unidade das igrejas. Isso porque os portugueses, durante a época colonial, haviam feito uma divisão muito grande das igrejas, para evitar que os missionários ou crentes estivessem juntos e pudessemdespertar a população para a luta contra o colonialismo. Foi uma estratégia que usaram para dividir as igrejas, umas a Norte, outras ao Centro, outras a Leste do país. Por isso, a Aliança uniu as igrejas evangélicas e continuou a espalhar a palavra de Deus.

Que contribuição deu a Aliança Evangélica a Angola ao longo desses 50 anos de existência?

No decurso dos 50 anos de existência, estivemos sempre lado a lado com as igrejas angolanas. Por isso no dia 25 de Setembro deste ano lançamos o livro que narra a história da Aliança Evangélica a Angola, mostrando que na fase de emergência do país a Aliança Evangélica, com as igrejas Hiliadas, deu um contributo relevante ao país em várias áreas, como na saúde, educação, alfabetização e acolhimento de refugiados. No tempo das negociações entre irmãos desavindos, a Aliança Evangélica de Angola esteve a desenvolveu projectos de grande dimensão no país, como é o caso do projecto de encontro dos dirigentes cristãos angolanos, para que pudessem olhar para a política do país e trazer a unidade nacional.

A Aliança Evangélica, com as suas congéneres, esteve também na origem do Coiepa, Comité Inter-Ecclesial para a Paz em Angola?

Sim. A Igreja encontrou mecanismos para ajudar as pessoas de várias maneiras, ou seja, a partir de campos de acolhimento, a partir da disponibilização dos seus equipamentos nas igrejas e escolas que não só serviram para receber pessoas, mas também como centros de tratamento.

De que forma é que a AEA tem contribuído para a construção de infraestruturas que servem as comunidades?

A Igreja tem dado o seu contributo construindo infraestruturas de saúde e escolas. Uma das igrejas afiliadas à Aliança Evangélica construiu e entregou ao Governo 60 escolas para gestão, no sentido de diminuir a pressão sobre as crianças que estudavam debaixo das árvores e nas igrejas. Há um reconhecimento muito grande, por parte do Executivo, do trabalho das igrejas na área da educação e da saúde. Na saúde temos igrejas que cuidam de refugiados provenientes do Ruanda, Libéria, República Centro Africana e Burundi. Temos em Luanda cerca de 30 mil refugiados, alguns a procura da sua legalização, sendo um trabalho feito por uma comissão multissectorial, onde a igreja está presente.

A Aliança Evangélica tem um Instituto Superior Politécnico. Que tipo de formação tem sido ministrada em benefício da sociedade?

O Instituto Superior Politécnico do Lubango, afecto à Aliança Evangélica de Angola, ministra 11 cursos, entre os quais o de Saúde nas vertentes de Psicologia Clínica, Farmácia, Análises Clínicas e Enfermagem, assim como cursos virados para a Educação. Nós fazemos uma combinação entre os cursos e o valor que isso tem para a comunidade, fazendo com que haja humanização, empatia e um tratamento que dignifica a pessoa humana.

Até que ponto as monografias têm servido de inspiração na materialização de projectos sociais?

No Instituto Politécnico os estudantes fazem monografias de licenciatura, e, destas, escolhemos as melhores para que sejam transformadas em projectos sociais, para melhoria da condição de vida das populações. A maioria das monografias são aproveitadas para as pessoas fazerem trabalho científico, ou mestrado ou doutoramento, e poderem transformar as monografias em projectos sociais.

Qual tem sido o contributo da Aliança Evangélica de Angola na construção de hospitais em benefício das comunidades?

Temos a Clínica Evangélica de Medicina do Lubango, com diversas especialidades e onde, actualmente, se faz cirurgia da anca a um preço mais abaixo do que o cobrado nas demais clínicas. Nesta clínica reparamos também fístulas vesico-vaginais, ou seja, um problema de saúde pública que acontece no parto, quando há uma desproporção da cabeça do feto com o tamanho da pélvis da mulher. Este é um problema que acaba por descontrolar a urina na mulher, sendo um problema de saúde pública. A mulher nesta condição é discriminada por causa do odor emitido pela urina. A nossa clínica repara esse problema, em muitos casos a custo zero.

Reparamos também o problema da fenda palatina, ou seja, crianças que nascem com lábio leporino, ou seja, com uma pequena rachadura no lábio, e problemas de hérnia. Até muito recentemente eram também operadas cataratas, mas o médico faleceu. Vamos encontrar outro médico e retomar, brevemente, as cirurgias. Essa clínica do Lubango, tem um aldeamento, onde ficam hospedadas as pessoas sem recursos financeiros, de forma gratuita, custeando somente a sua alimentação.

Esse trabalho todo é feito somente pelas igrejas afiliadas ou trabalham também com outras organizações religiosas?

Temos um projecto ligado à rede das organizações ecuménicas, que tem que ver com a luta contra a malária transfronteiriça, no sentido de evitar que as estirpes da malária que se encontram nos países limítrofes como a Namíbia, Zâmbia, República Democrática do Congo e República do Congo, cheguem ao país. A ideia é que as pessoas ao atravessar a fronteira não transportem consigo as estirpes de mosquitos que trazem resistência ao tratamento no nosso país, e vice-versa.

Como é feito esse trabalho ao longo das fronteiras?

Temos equipas de pessoas das igrejas membros da Aliança Evangélica de Angola que fazem educação para a saúde e distribuem mosquiteiros. E temos encontrado resposta satisfatória por parte do Ministério da Saúde.

Que outras acções têm sido levadas a cabo, na vertente da saúde, em benefício dos cidadãos?

Em tempos fizemos uma doação massiva de bolsas de sangue para oito hospitais de Luanda, nomeadamente o Hospital Geral de Cacuaco, Hospital Azancot de Menezes, Hospital Geral de Luanda, Hospital Dom Cardeal Alexandre do Nascimento, e ainda para o Instituto Nacional de Sangue, Instituto Hematológico Dra. Vitória do Espírito Santo, Maternidade Lucrécia Paim e Pediatria de Luanda. Mobilizamos mil doadores, membros da Aliança Evangélica de Angola. Além disso, realizamos uma Feira de Saúde na zona do Futungo, com atendimento médico em várias especialidades, e distribuímos gratuitamente medicamentos e sopa para mil pacientes, em colaboração com o Ministério da Saúde.

Esta iniciativa fica por aí ou têm outra já gizada para outro local?

Temos programada uma outra Feira de Saúde, de cariz internacional, que terá lugar nos dias 17, 18 e 19 de Novembro, no âmbito nas festividades dos 50 anos de existência da Aliança Evangélica de Angola, com a vinda ao país de um grupo de médicos especialistas do Brasil, que vão fazer uma acção humanitária em Angola, em parceria com a nossa organização. Os médicos vão realizar consultas gratuitas e distribuição de medicamentos mais virados da especialidade de Pediatria, e trarão suplementos alimentares nutritivos para doenças variadas. São médicos especialistas, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos. O trabalho vai contar com equipas de médicos voluntários e enfermeiros que nos têm ajudado noutras actividades realizadas em benefício das comunidades.

Pode dar-nos mais informações sobre o curso de Teologia e o destino dos quadros que se formam nessa área no Instituto Politécnico do Lubango?

A Teologia é o estudo de Deus. As pessoas formadas em Teologia no Instituto Superior Politécnico do Lubango estão habilitadas não só nas questões ligadas à religião. Também passam por uma formação multifacética que lhes permite serem polivalentes na área onde estiverem colocadas. O que nós fazemos é alinhar aquilo que é o desenvolvimento da Igreja com o desenvolvimento científico dos países, e do nosso em particular. As pessoas ali formadas trabalham e ajudam as comunidades a encontrarem soluções para os seus problemas religiosos e sociais. Porque quando a pessoa percebe que a doença surge por causa da falta de higiene ou de uma alimentação que não é cuidada ou por não dormir surge, ela tem um melhor cuidado e não vai atribuir a doença ou os males que a assolam à feitiçaria, à tradição, às talas.

Mas até que ponto o curso de Teologia tem o devido reconhecimento da sociedade?

Recentemente trabalhamos com a Presidência da República, no sentido de que esses cursos sejam reconhecidos e as pessoas integradas naquilo que é o mosaico do trabalho e do reconhecimento ao nível da Nação. Sua Excelência Presidente da República acolheu muito bem essa proposta da Igreja, e há orientação no sentido de se trabalhar com uma comissão que vai fazer com que os cursos de Teologia sejam integrados na matriz do ensino no país. É um assunto que vai ser tratado por essa comissão ao nível do Ministério do Ensino Superior, Tecnologia e Inovação, para que os cursos possam ser aceites e essas pessoas possam ser aquelas com que a Nação possa contar para esse tipo de trabalho, e despertar as pessoas a não se deixarem enganar.

Senhor Reverendo, a sociedade tem-se confrontado com alguns pastores acusados de agredirem sexualmente menores de idade. Sendo líder religioso, qual é o seu comentário?

Em meu nome pessoal e das igrejas afiliadas na Aliança Evangélica de Angola, condenamos veementemente esses actos. Não nos identificamos com esse tipo de práticas. Não é isso que o Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou. Jesus nos ensinou a respeitar a dignidade da pessoa humana e ensinou também que devemos ser pessoas acolhedoras e não destruidoras. Quando ouvimos relatos assim, leva-nos a duas formas de análise: nos últimos dias aparecerão falsos cristos, falsos pastores, falsos ensinadores da palavra de Deus. A esses não deves ouvir, porque trarão doutrinas falsas, farão até milagres, mas serão pessoas com uma conduta e comportamento reprovável, como o desrespeito pelas pessoas, roubo de coisas alheias, se introduzirem em casa de viúvas e extorqui-las, desrespeitando crianças e órfãos. E vão trazer contradições dentro da família e da Nação.

Temos notado a proliferação de igrejas, essencialmente na periferia, muitas delas exercendo actividade religiosa ilegal. Como líder espiritual, quais os propósitos da criação dessas igrejas, que muitas vezes acabam criando problemas nas famílias, com acusações de feitiçaria?

A resposta a esta pergunta está enquadrada naquilo que chamamos de fenómeno religioso em Angola, relacionado com a proliferação de seitas religiosas. Seitas religiosas são o resultado de pessoas que estando numa igreja verdadeira entram em discordância com os princípios bíblicos orientadores e se separam, formando uma seita, onde colocam, além dos fundamentos bíblicos, os seus próprios pensamentos, com o objectivo de atingirem determinados fins. Ele se desvia do foco principal que é a salvação das pessoas, a edificação espiritual das pessoas e faz com que haja o que chamamos uma vida plena.

O que podemos perceber como uma vida plena, Senhor Reverendo?

Vida plena não tem só a haver com a pregação da palavra de Deus, mas também com assistência às pessoas e às suas necessidades. Essas pessoas que saem das igrejas verdadeiras para criar seitas querem servir se a si próprias, e, por causa disso, surge uma seita atrás de outra. Porque a pessoa que se separou da igreja verdadeira olha para elas e vai querer seguir o mesmo caminho, misturando religião com práticas tradicionais, acabando por levar pessoas menos avisadas.

Estamos a falar da comercialização da fé, que temos observado em algumas seitas religiosas?

Sim, estamos a falar da comercialização da fé. E digo-lhe mais: isso acaba por ser um problema de segurança nacional. Por isso, tenho dito que eu tenho a bênção de Deus por ter sido militar das Forças Armadas Angolanas(FAA), o que me deu uma disciplina muito grande para tratar das coisas de Deus com temor, aquele respeito que devemos cumprir à risca, aquilo que a Bíblia nos ensina. Muitos pastores acabam, por causa dessas práticas, por fazer  associações com pessoas que não respeitam as leis do país. Sabem que existe um ordenamento jurídico, e apesar do país ser laico, o Governo respeita as entidades religiosas, a Igreja e a religião, desde que ela se conforme com as leis do Estado e até dá protecção aos lugares de culto e às personalidades da Igreja; Mas estas pessoas, que estão à margem da igreja, da sociedade e da Lei, acabam por trazer mais confusão do que daquilo que é a essência da palavra de Deus.

Diante dessa realidade, até que ponto é importante as igrejas cooperarem com o Governo?

A Aliança Evangélica de Angola pensa ser importante cooperar com o Governo na revisão da Lei sobre a Liberdade Religiosa em Angola. Neste momento existe uma comissão ao nível das igrejas e associações idóneas, como é o caso da Aliança Evangélica de Angola, junto do Ministério da Cultura, do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos, para encontrar mecanismos de ajudar o país a melhor organizar esse sector, porque acaba mesmo por ser um problema de segurança nacional quando há um descontrolo, pessoas das igrejas andando de um lado para outro, não sabendo onde vão buscar determinadas ideias desestabilizadoras.

Que desafios tem a Aliança Evangélica de Angola para os próximos tempos, em termos de projectos sociais?

A Aliança Evangélica de Angola está inserida no contexto africano e do mundo, com ligação muito forte às outras associações do mesmo género. Pretendemos fortalecer o estudo da palavra de Deus. Queremos olhar para o futuro fazendo com que os membros das nossas igrejas olhem também para o próximo, partilhando conhecimentos, alimentos, vestuário, saúde, no sentido de termos um ministério holístico. Estamos a pensar fazer advocacia, fazendo com que os profissionais que estão na Igreja, em várias áreas do saber, ajudem a pensar no bem-estar da Nação em prol da população angolana. Estamos a pensar também no surgimento do parlamento cristão.

Que grandes ideias têm sobre um parlamento cristão?

56 países no mundo, dos mais de 200 existentes, já têm um parlamento cristão. Isto é, todas as pessoas crentes que se encontram nos ministérios, no Parlamento, nos governos provinciais, encontram-se para pensar numa forma de ajudar o Governo a resolver os problemas que as populações enfrentam. Estamos a pensar em vários eixos, como no fortalecer da Palavra de Deus, na solidariedade evangélica para Angola, partilhando o que temos, fazendo com que as associações cristãs sejam mais actuantes em ajudar, cada uma na sua especialidade, na melhoria das condições do país, com uma intervenção com mais responsabilidade dos cristãos na política, para ajudarem a formular normas e procedimentos que ajudem o país a desenvolver-se, sendo que são experiências que noutros países já funcionam.

Pode citar um dos países onde esta experiência funciona?

Posso falar do exemplo do secretário-geral da Aliança Evangélica em África, que nos visitou muito recentemente. Ele é do Botswana e foi convidado pelo seu Governo como Pastor, e com a visão que tem no ramo empresarial, para liderar o projecto de Visão da Nação. Formou um grupo incluindo académicos, cristãos, e Deus lhe deu visão daquilo que é hoje o desenvolvimento do seu país. Apesar de ser um país pequeno, com dois milhões de pessoas e 400 mil quilómetros quadrados, o Botswana tem um desenvolvimento enorme.

Quando ele foi eleito secretário-geral da Aliança Evangélica de África, o seu Governo olhou para ele e disse:“Você que ajudou a fazer coisas boas no país, como cristão, não temos dificuldade em deixá-lo ir para liderar a Aliança Evangélica em África com uma visão enorme, que é tornar as igrejas membros da Aliança Evangélica em África membros da União Africana”. A União Africana tem uma área de fé e religião e crença. Ele já trabalha com a União Africana na agenda 20/63, e nós, Aliança Evangélica de Angola, e de África, temos um assento permanente nas Nações Unidas. Quando se fala de Angola, vão também ao sector religioso perguntar como está a Igreja em Angola. Esse tipo de visão mais ampla para o nosso país está enquadrada no contexto das Nações que pretendemos olhar de forma global e actuar localmente.

Como pensam materializar a ideia do Parlamento Global?

Já começamos a materializar a ideia com um encontro mantido com a Assembleia Nacional, onde explicamos a existência do Parlamento de Fé em outros países. Vamos continuar a conversar. Pedimos estreitamento das relações com a 7ª Comissão, que trata de Assuntos Religiosos, Cultura e Comunicação, para começarmos a desenvolver estas ideias que já vão muito avançadas noutros países e de que nós só começamos a falar há dois ou três anos. Portanto, vamos trabalhar com as igrejas ecuménicas. Também nesta audiência com o Parlamento angolano explicamos que vamos introduzir uma proposta de Lei sobre Capelanias.

Podia explicar melhor essa proposta de Lei sobre Capelanias?

Eu explico-me melhor. Se o país apela por uma moralização da sociedade, nada melhor que apelar às igrejas, que preparam as pessoas para viverem no Céu. Como não podemos preparar bons cidadãos? Qual é o país que não quer que a igreja intervenha na cooperação e preparação de bons cidadãos? Obviamente que todos querem. Então queremos entrar nesta área das Capelanias, que tem a ver com a humanização dos serviços, quer na escola, no parlamento, quer nos hospitais ou no jornalismo. A Igreja tem muito trabalho para fazer com as pessoas porque representa. Deus na terra.

Até que ponto a Aliança Evangélica está preocupada com a perda dos valores morais, traduzida na vandalização dos bens públicos?

Temos nos deparado com a perda dos valores morais por parte de alguns cidadãos, assim como a vandalização dos bens públicos e a degradação dos valores na sociedade. E a igreja joga um importante papel nesta vertente, pelo que temos feito o nosso trabalho nesse sentido. Nós levamos a mensagem aos fiéis nos púlpitos, nas homilias, e também o fazemos em língua nacional. Nessa audiência com o Presidente da República levamos uma oferta de 13 Bíblias interpretadas nas nossas línguas nacionais, o que demonstra que a Sociedade Bíblica tem vindo a fazer um enorme trabalho. Temos grupos específicos dentro das igrejas, ligados à mobilização para mudança de comportamentos e na luta contra a malária, distribuindo mosquiteiros às populações.

Perfil

Alexandre Saul nasceu em Cavungo, no Alto Zambeze, província do Moxico. É casado. Tem uma filha, uma neta e é médico reformado. Tem valências em gestão de risco no local de trabalho em offshore eem gestão de saúde e meio ambiente.

Foi o primeiro presidente da ANASO, a Rede Angolana de Organizações de Luta contra a Sida. Presidiu o Grupo Bíblico de Estudantes Cristãos em Angola.

Foi secretário-geral da Igreja Evangélica dos Irmãos em Angola por dois mandatos. Continua como pastor dessa Igreja. Na área da saúde desenvolveu projectos com organizações como a USAID. Foi ainda o primeiro responsável da área de saúde da Esso Angola.

Além de secretário-geral da Aliança Evangélica de Angola desempenha o cargo de responsável pelo Departamento de Catástrofes Naturais, Doenças Emergentes e de Saúde da Aliança Evangélica de África. Foi durante oito anos militar das Forças Armadas Angolanas, onde foi foi responsável pela planificação e abastecimento médico no Serviço de Assistência Médica Militar.

Fonte: JA

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