Friday Novembro 8, 2024
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COMPROMISSO ÉTICO DO PROFESSOR NA GESTÃO DO ENSINO E APRENDIZAGEM

A educação é um problema antropológico e filosófico, que garante a oportunidade de desenvolvimento pessoal e social por meio de uma visão do mundo reflectida e conduta embasada em valores necessários para a cidadania.

Trata-se de um processo que constitui um direito inerente a qualquer cidadão, tal como expressa a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), nos termos do artigo 26º, cujo sucesso depende do envolvimento de todas as partes interessadas, onde o professor exerce um papel relevante na mudança de atitudes de cada educando, visando a edificação de um mundo mais humano e digno para viver.

O momento de crise de valores, que assola o nosso contexto, justifica a necessidade de cada professor incluir na pauta da sua prática pedagógica princípios éticos e morais, independentemente da disciplina que lecciona, de modo a provocar reformas de mentalidades na maneira de pensar e agir dos educandos para evitar a continuidade do dilema que se regista entre o elevado índice de gente formada e pouco educada na vida social. Cada professor tem o compromisso de colocar no centro das atenções o educando, a ética e a educação para a cidadania, partindo da lógica de que qualquer estudo feito só tem sentido se servir para beneficiar o próprio estudante, a sua família, o seu país e o mundo.

É por causa do reconhecimento da nobreza da educação que a UNESCO por meio da obra: “A Educação um Tesouro a Descobrir” elencou os quatro pilares da educação para o século XXI resumidos em: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. A ética tem a função de estimular a reflexão do professor para que esteja em condições de se indagar sobre a sua responsabilidade, a educação e o respeito que deve manifestar perante o educando, adequando assim a sua conduta a uma dimensão ética e moral no contexto escolar e extra-escolar, de acordo com os padrões sociais estabelecidos. Nesta linha de pensamento, Paulo Freire, na sua obra “Pedagogia da Autonomia Saberes Necessários à Prática Educativa”, destaca que ensinar exige respeito pelo saber dos educandos para evitar a educação bancária. Exige, igualmente, ética alegando que se é bem verdade que se respeita a natureza do ser humano, logo, o ensino dos conteúdos não se pode dar por alheio à formação moral do educando.

A ética tem a função de incutir, na consciência do professor, o fundamento de que cada oportunidade em sala de aula tem de servir para a consolidação da mudança de mentalidades dos educandos, fazendo nascer/renascer neles o espírito de patriotismo e de comprometimento com a vida social, por meio da participação activa.

Por esta razão, Tognetta (2007) afirma que toda a acção educativa deveria estar implicada na construção de uma consciência ética e social, sendo imperativa a reflexão sobre as virtudes no quotidiano escolar e a discussão, bem como a efectivação de propostas pedagógicas que levem em conta a formação de um ambiente sóciomoral cooperativo e participativo. A ética tem a função de promover a cultura de integridade para que o professor no cumprimento da sua nobre missão seja o promotor do combate à corrupção no contexto escolar e de outras práticas comprometedoras à materialização dos objectivos da educação.

A ética tem a função de estimular o professor para uma conduta que inspira valores aos educandos e a sua respectiva superação permanente nos domínios da ética e da moral, de modo a tornar possível a formação integral para a vida.

Por isso, Silva (2008) defende que somente uma educação pautada em sólidos valores altruistas poderá fazer surgir uma nova ética social que seja capaz de conciliar direitos individuais com responsabilidades interpessoais e colectivas.

A aprendizagem altruista é o único caminho possível para combatermos a cultura pautada na insensibilidade interpessoal e na ausência da solidariedade colectiva.

Portanto, a educação sem a ética fica desprovida de sentido e fundamento, uma vez que a ética representa um processo centrado na preparação do homem para a vida e ao mesmo tempo compromisso para a cidadania, tendo na base os valores. Assim sendo, toda acção desenvolvida pelo professor em sala de aula e não só, tem de contribuir para o alcance desta nobre missão com o suporte de outros agentes de socialização.

Fonte: Ângelo Kalopa Kalañge *Docente universitário, palestrante e escritor

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