Friday Março 29, 2024
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ESTADO ANGOLANO DEVE DEVOLVER PODER USURPADO AS AUTORIDADES TRADICIONAIS.

A exigência foi manifestada por sobas, séculos e comunidades na reflexão sobre a proliferação de doenças tradicionais vulgo “talas, cadoce-doce e magias nas comunidades locais.

Antes da colonização portuguesa, no contexto angolano, as comunidades estavam estruturadas em reinos, ombalas onde os reinados obedeciam a linhagem e as leis serviam para proteger a vida de cada cidadão.

sacrificavam os sobrinhos, sobretudo, as autoridades tradicionais impunham o seu poder para corrigir estes excessos.

Com a expansão da administração colonial, apesar da resistência em alguns reinos, a verdade porém colonização portuguesa não teria sucesso se não incluísse na sua agenda o pacote de aproximação com as autoridades tradicionais.

Assim, boa parte das autoridades tradicionais perderam a nomenclatura de Reis, soba grandes e passaram a chamar-se regedores e os séculos por anciãos, mas ainda assim esta franja de liderança do povo mantinha os seus rituais, a lei consuetudinária e as formas de tratar os problemas nas comunidades de acordo os parâmetros da cultura de cada povo.

Com o surgimento da Independência a 11 de Novembro de 1975, as armas começaram falar mais alto e o poder das autoridades tradicionais também começou a decair-se.

Nas localidades do país em que não havia reinos e sobados os activistas políticos foram ensaiados para controlar a acção política nas comunidades e depois transformados em soba.

O desconhecimento do poder de um soba foi-se contagiando e por via disso os políticos foram tomando o controlo em benefício do regime que usurpou e nos dias de hoje relegou os sobas sem valor, sem autoridade, passando a ser uma figura decorativa nas comunidades.

O surgimento de doenças estranhas nas comunidades como a Tala, Cadoce-doce, Magia e outros actos espirituais que as autoridades governamentais não conseguem controlar, mas atingem gravemente o povo causando danos humanos, as comunidades têm se levantado contra os sobas grandes exigindo dela responsabilidade na protecção da vida das comunidades.

Em defesa do povo, vários sobas já agiram, já se levantaram-se contra os causadores do sofrimento das comunidades. O mais grave ainda é o facto de muitas das vezes um casal que dorme na cama acorda deitado no chão, casa assaltada com as portas fechadas. As talas postas nas portas de casas, das instituições publicas, outras através do atendimento ao telemóvel “as chamadas minas eléctricas”, com danos fatais se não for tratado a tempo.

Também a venda às mulheres dos pôs “cadoce-doces” com propósito de dar vitalidade a vida sexual ao marido e que mais tarde estimula cessação prazerosa que com um dois ou três parceiros torna-se difícil para uma mulher dai causar conflitos de infidelidades nos lares que terminam em agressões, em separação precoces ou em óbitos, tudo isso tem sido reflectido pelas autoridades tradicionais locais, mas sem solução porque os sobas e séculos dizem que “o governo angolano nos tirou o poder, os órgãos da administração da Justiça nos proíbe fazer justiça nas comunidades”.

“Nós sobas apenas servimos para mobilizar o povo em tempo de eleições, não querem nos devolver a autoridade que provem dos nossos ancestrais”, lamentam os sobas que muito poderiam fazer a favor do povo para diminuir a pressão comunitária sobre as doenças espirituais que advêm do feitiço.

Foi com este espírito e vontade de servir, dando voz aos sem voz, o “Mwangolê Fala Verdade, realizou quarta-feira, 31 de Maio de 2023 um debate na regedoria do Forte Santa Rita, realização e apresentação do jornalista Armando Chicoca, co-produção do Jornalista Esmael Pena e técnica de Fonseca Tchingui, apoio NED e OSISA (Open Society). Fonte: NFV

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