Thursday Novembro 21, 2024
RÁDIO CASIMIRO - Logo

FUNCIONÁRIOS DA RÁDIO DESPERTAR DENUNCIAM AMEAÇAS DA DIRECÇÃO APÓS PROTESTO.

A direcção da Rádio Despertar, estação afeta ao maior partido da oposição em Angola, a UNITA, ameaça com cortes salariais de 50% e expulsão de seis funcionários envolvidos numa tentativa de paralisação das emissões.

No dia 23 de Outubro de 2022, seis funcionários da Rádio Despertar ter-se-ão envolvido numa tentativa de paralisação das emissões. Segundo alguns jornalistas ouvidos pela DW Áfrrica, a paralisação das emissões tinha um único objectivo: “Pressionar a direcção da estação a dialogar com os trabalhadores” sobre as precárias condições em que os funcionários se veem obrigados a trabalhar.

As medidas de retaliação por parte da direcção da rádio não tardaram. Os jornalistas envolvidos foram imediatamente ameaçados com cortes de salário de até 50% e até com o despedimento, na sequência de um parecer do gabinete jurídico da Rádio Despertar publicado esta semana.

Nesse parecer, a rádio recomenda, nomeadamente, o corte de 50% dos salários dos funcionários Sebastião Numa, Vitoria Sacutala, Agostinho Cayola, e, como medida gravosa, a expulsão de Joaquim Agostinho Mundanga, considerado o “cérebro da tentativa de paralisação”.

Por sua vez, os funcionários visados pelas medidas punitivas acusam a direcção da estação de “perseguição”.

“Tentaram forçar interrupção das emissões”

Recorde-se que os funcionários contestatários, no dia em que estava prevista a paralisação, encerraram o portão que dá acesso às instalações da Rádio Despertar para impedir a entrada de outros trabalhadores, assim como do diretor da rádio, Horácio Reis.

O jornalista Sebastião Numa, um dos visados pelas acções da direcção da rádio, em entrevista à DW África, questiona a competência do director, criticando a forma como Horácio Reis lida com os trabalhadores: “Não é a pessoa indicada para dirigir a Rádio Despertar, pelas suas atitudes, pela forma como tem lidado com as condições de vida dos trabalhadores”.

Segundo o jornalista, os visados correm “todo o tipo de risco”, incluindo chamadas telefónicas anónimas e insultos. “Somos insultados nas outras instituições como os ‘bica-pedras’, ‘bica-lata’, porque andamos a pé. A direção tem uma viatura que se comprou para serviços de reportagem e administrativos, mas aquele transporte anda unicamente refém do director”, acusa Numa, acrescentando que a sua atitude e a dos seus colegas tinha como única intenção forçar o director ao diálogo.

Para o jornalista ao serviço da Rádio Despertar há mais de dez anos, a decisão da rádio é injusta, pois os trabalhadores teriam repetidamente tentado chamar a atenção da actual direcção da estação para o clima de insatisfação na empresa: “Considero esta suspensão uma injustiça e vejo isso como perseguição por parte do actual director da Rádio Despertar. Não há causas suficientes para estar suspenso das minhas atividades de jornalista da Rádio Despertar e estar a enfrentar um processo disciplinar”, conclui Sebastião Numa.

Contactado pela DW África, o diretor da Rádio Despertar, Horácio Reis, refuta as acusações de má gestão e falta de diálogo com os seus colegas de trabalho, salientando que o clima de insatisfação vivido na rádio está a ser fomentado por “um determinado grupo de pessoas, já identificadas”, que nunca teriam visto com bons olhos a sua indicação para o cargo de director da empresa.

No seu documento de fundamentação, o gabinete jurídico da Rádio Despertar considera que a atitude tomada pelos funcionários lesou gravemente a empresa, para além de os funcionários visados não terem observado os princípios legais para a referida tentativa de paralisação.

Advogado: “Medidas exageradas contra trabalhadores”
O advogado dos trabalhadores, Lourenço Canjanja, por sua vez, classifica as medidas contra os jornalistas tomadas pela Rádio Despertar, como exageradas: “As medidas propostas são, de facto, bastante gravosas e, para o bem da estabilidade, não só do emprego, mas também das famílias, nós vamos, efetivamente, recorrer dessa decisão, para que a saída seja, efetivamente, diferente”, explica.

Canjanja não descarta a possibilidade de intentar uma acção judicial contra a Rádio Despertar, caso não sejam repostos “todos os direitos” dos seus constituintes. Fonte: A FONTE

Visitas720

212 Comments

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *