AO VENCEDOR, ALAVANCAR A UNIDADE E PAZ
CRÓNICA SEMANAL ‘VISÃO JORNALÍSTICA’ : O Brasil distinguiu-se, meigamente, num fim-de-semana de sangue pelo mundo fora. A renhida disputa eleitoral separou o laureado Lula da Silva e o derrotado Jair Bolsonaro, sem desgraça, com um resultado bem apertado, de 50,90 % e 49,17 %. Sobrou, a arranha à lisura republicana, o vencido admitir prontamente este balanço. Oportuno, o presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Alexandre Moraes, adiantou responsabilizar o timoneiro preferido pelo eleitorado. Cabe ao vencedor fazer a unidade e a paz, respondeu o Magistrado a uma pergunta da imprensa perante a fratura bipolar da Nação, agora. Lula pareceu ter captado o recado, pois, logo, no primeiro comício, proclamou: “A partir de 1º de Janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim”. A passagem ressoou pela carga de verdade de um fenomenal político de destino singular entre uma fresca cadeia e o resgate do trono. Apesar de tudo, este filme contrabalançou o clima ruim mundial do último fim-de-semana ensanguentado na Somália, Coreia do Sul e Índia.
Por cá, prossegue a serenidade pós-eleitoral, que a viva cidadania sacode em beleza. Neste toque, caiu o alerta do presidente do Sindicato Nacional dos Médicos, Adriano Miguel, sobre outra chaga da saúde pública no país. Isto é, existir “uma máfia de figuras influentes” que estrangulam a especialização dos profissionais em electro medicina. Tudo para que as suas empresas lucrem com o manuseamento e manutenção dos equipamentos de ponta, que o Estado coloca em hospitais públicos. Ora, a ineficiência deste sistema tem vindo a perturbar a regularidade em renomadas unidades. Apontou esta situação em Luanda (no Hospital de Doenças Cardio-Pulmonares e o Centro Hematológico Vitória Espírito Santo); Bengo (Barra do Dande); hospitais provinciais de Cabinda, Moxico e Cuando Cubango.
Na vida eclesial, o luto bateu à porta da diocese do Kuito-Bié, na segunda-feira última. Foi-se ao Pai o próprio bispo, Dom José Nambi, depois de um breve mal-estar, a 73 anos de idade. Está previsto amanhã, sexta-feira, o seu funeral. Por ter sido nosso frequente interlocutor, dedicamos-lhe este epitáfio: ao proeminente, humilde e determinado servo do Senhor, R.I.P.
Em termos de vitalidade religiosa, sobressaiu o jubileu dos 50 anos de consagração do bispo Emílio de Carvalho, da Igreja Metodista Unida de Angola. -Foi celebrado num concorrido, piedoso e solene culto em Luanda sob o lema “Episcopado metodista angolano: 50 anos ao serviço da Igreja de Cristo”. Assistiu à cerimónia o casal presidencial e o arcebispo de Luanda, Dom Filomena Vieira Dias.
Também a arquidiocese do Lubango polarizou o interesse público pela retomada da peregrinação da Mamã Muxima, ao Santuário da paróquia do Toko. Retransmitida em direto pela TPA, a missa de ação de graça foi presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Giovani Gaspari. Concelebraram os arcebispos Dom Mbilingui e Dom Filomeno e numerosos sacerdotes.
Por ventura, a intensa expressão de fé furou, até, no maior acontecimento profano de domingo passado. Expressou-a o eleito presidente Lula, no ovacionado trecho que citamos. “Todos os dias da minha vida eu me lembro do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. Por isso, acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor pelo seu país e pelo seu povo”.
VISÃO JORNALÍSTICA
(Uma coprodução de Siona Casimiro e Padre Augusto Epalanga. Apresentação de Wilson Capemba).
Luanda, 03 de Novembro de 2022.