Tuesday Novembro 5, 2024
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Quem sou eu quando grito?

Maria Futa

Gritos, mau feitio, raiva, são apenas uma expressão em resposta a algo que não está bem consigo. Algo em si está a magoá-lo(a) e também aos seus filhos à medida que eles pagam as consequências. Se estiver bem, feliz, em paz consigo mesmo(a), com dias bons ou maus mas com um bem-estar interior equilibrado e funcional, então também estará bem com os seus filhos e o seu ambiente se beneficiará com isso. Perder a calma, gritar, ficar zangado, é inevitável em certas alturas e em certas ocasiões. Somos humanos e a parentalidade é difícil no ambiente em que vivemos hoje, visto que não dá descanso, é sempre uma questão de ceder, independentemente de como nos sentimos.

Muitas vezes não importa se os pais estão cansados, ou doentes, ou muito sonolentos, têm de estar lá para eles, com quase nenhum tempo para o casal, para a vida social, têm de estar lá para eles. E é cansativo, por vezes até cansativo e odiado. Mas, retardar estes sentimentos, e não os aceitar é prejudicial e virar-se-á contra os adultos a qualquer momento. Temos de encontrar formas de abrir a válvula e deixá-la sair: gritá-la para o ar, para o espelho, partilhá-la honestamente com alguém, respirar, relaxar. Desta forma, lidamos com os nossos problemas, a nossa carga de stress e não obrigamos mais ninguém a pagar por isso. Por outro lado, é também importante saber que os seus filhos precisam da sua presença e tempo, (mas não 24 horas por dia, é uma questão de boa qualidade).

Assim, quando estiver com eles depois do dia de escola (e possivelmente do seu próprio dia de trabalho), não se faça de ocupado a fazer mil coisas em casa. Reduzir as expectativas, as obrigações, as exigências de organização, banhos, jantares, porque isso irá perturbá-lo ainda mais. Sente-se com eles, brinque um pouco. Se forem mais velhos, peça ajuda para fazer o jantar, ou para arrumar as compras. Eles precisam de si, mas você também precisa deles para abrir o seu coração. Quando está-se a criar às crianças não se pode cuidar de tudo, não podemos levar a mesma vida sem crianças como acontece com as crianças. Temos de colocar o acento, o foco principal neles, mas também em nós próprios. O resto é certamente secundário e dispensável.

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