Thursday Dezembro 12, 2024
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PERMANENTE CONSTRUÇÃO DA NAÇÃO

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A guerra da Ucrânia, principal condicionante do presente contexto global, perdura. Longe, agora, da fatiga dos beligerantes, que os cifrões do complexo armamentista alucinam. As recentes cimeiras internacionais (do G-7, dos BRICS e OTAN) confirmaram mais o bloqueio do que abrir uma janela de sossego. Nem do Vaticano, saiu, ainda, o fumo branco de resposta às empolgantes orações. O horizonte imediato carrega nuvens piores do que a COVID-19, que deixava sempre luzidias de esperança. Os vivos protestos da alternância mundial à lógica dos Estados capitalistas e sua violência não surtiram por enquanto os efeitos desejados. Logo, essa conjuntura clama por ser incorporada como estrutural na governação geopolítica de cada país.

Por cá, a figura do antigo presidente da república, José Eduardo Dos Santos, impôs-se no cartaz pré eleitoral. De que modo dilacerante, ó Jesus, do são e humilde coração humano! Ele agoniza entre a vida e a morte, de coma induzida nos cuidados intensivos da sua clínica usual, em Barcelona. A Nação soube desta deterioração pela mexida filha, Tchizé dos Santos, que recorreu às redes sociais. A mídia pública atrasou de quase uma semana. E só a referiu, ao papaguear o telefonema do actual chefe do Estado, João Lourenço, à esposa do doente, Ana Paula dos Santos. A imprensa portuguesa, assente no profissionalismo, já havia instalado correspondentes permanentes no local. Não é tempo, para o executivo do país, com maioria de razão, alforriar deveras a onerosa mídia de todos nós, que ele sequestra? Sim, para a cidadania reclamar este seu direito fundamental, com a veemência da legitimidade. Por cima, a dezena de dias do prazo legal da campanha eleitoral e observação de ofício.

Em relativo equilíbrio do ruim, registaram-se, no entanto, estes factos positivos: · o discurso de João Lourenço, no comício de Caxito, no sábado passado (o qual contemplou, enfim, a mais-valia da reconciliação nacional na consistência da paz até pós eleitoral); · a superação pela FNLA da idosa rivalidade das alas Ngola Kabangu e Lucas Ngonda (sobrando, para Nimi a Simi, o felizardo líder actual, absorver a dissidência fresca de Ndala); · a entrega das candidaturas dos competidores para o pleito de Agosto, ao Tribunal Constitucional.

Nessa onda, a Igreja Católica dignou-se aparecer no palco, monitorando o jogo, em adição à educação cívica. Chefiará o Observatório Angolano da Sociedade e Civil, constituído por várias organizações e peritos autóctones. O arcebispo do Lubango, Dom Gabriel Mbilingui, é o presidente desta plataforma, cuja estrutura será detalhada ao público amanhã. O mandato anuído pelo prelado faz jus à mensagem pastoral da CEAST sobre as eleições, por efectivar o enxerto que citamos: “todos nós angolanos, ‘temos uma Nação a construir e um Estado a consolidar’. Isto exige de todos a fixação da atenção em ideais mais elevados, inclusive em relação aos interesses partidários e ou de grupos. (…) Ninguém devia excluir-se, excluir outros, nem remar na direcção oposta à permanente construção da Nação”.

VISÃO JORNALÍSTICA

(Uma co-produção de Siona Casimiro e Padre Augusto Epalanga. Luanda, 07 de Julho de 2022.

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